segunda-feira, 11 de maio de 2020

Décima Terceira: O Pedrouzo - Santiago de Compostela


Décima terceira etapa
Dia 23/7/19- O Pedrouzo a Santiago - 20 km

Sai da pensão LO, por volta 7:40, depois café manhã.
O caminho é tranquilo, umas subidas, mas nada muito difícil. Estava cheio de peregrinos, uns conversando, outros ouvindo música, tentei me concentrar em mim mesma. Meus últimos momentos neste caminho. Se algum dia for fazer outro caminho, não pretendo fazer as etapas do francês, principalmente, dependendo da época.
Quando estava no Monte do Gozo, recebo telefonema de Mariangelis, queria saber a hora que chegava, pq estava me esperando. Achei o gesto bonito!
De fato, na altura do Albergue Acuario, a encontrei sentada com a filha. Foi emocionante. Ela chorou, não entendi muito, mas às vezes tocamos as pessoas em alguma coisa, que desconhecemos.
Cheguei a praça Obradoiro as 12:10 (lotada peregrinos). Tirei as fotos, me sentei um pouco. Pensei em tudo, a dureza, o prazer depois de subir as serras, o suor com satisfação. Foi mágico. Não encontrei o Nirvana ainda, talvez busque no lugar errado! Vou continuar procurando.
Depois de localizar o hotel Pazos Alba, tomei banho e fui almoçar ( a minha velha paeja valenciana na Casa do Pulpo).
Voltei ao hotel e dormi. Meu joelho doeu na fase do sono. Muito me preocupou.
Fui para a oficina de peregrinos, buscar a compostela.
Para minha surpresa estava quase vazia. Muito diferente dos últimos caminhos, que precisei esperar mais de hora na fila. Havia muitos atendentes. Assim, consegui a Compostelana e o certificado de distância. Fiquei feliz!
Deixei no hotel e fui dar uma volta na cidade que está bem movimentada, afinal o dia do Santo é 25/7. Pena que não estarei aqui. 
Resumo do caminho primitivo, para mim, Mirânjela: Gostei muito. É pesado, cansativo, os pés sofrem, caminha-se
 sozinho quase sempre . Foi o caminho de mais contato com a natureza que fiz até agora. É diferente do Francês, neste, temos um itinerário espiritual, muitas referências religiosas, muitos fizeram e falaram sobre. No Primitivo, dependemos da força física para seguir. Encontramos gente mais jovem, com poucas referências a respeito do caminho, que estão ali por desafio físico, do corpo, não para fortalecer o espírito. Mas entendo que o importante é que estão ali, o tempo se encarrega de ensinar-lhes o que tenham que aprender. Entrei em estado de meditação muitas vezes.! Foi relaxante e duro. Meu espírito se alegrou. Tentei o Albergue, no primeiro dia, depois parei de tentar ser outra pessoa e me respeitei, no quesito necessidade de descanso e silêncio. Meditei, orei, pedi clareza dos espíritos com relação a minha missão, mas ainda não escutei! Vou continuar tentando! Bom Caminho!









Mariangelis e a filha, despedida emocionante! Bom caminho meninas!!!






Décima Segunda: Melide - Arzúa


Décima segunda etapa

22/7/19 -  Melide-Arzúa -14 km 

Sai da pensão El Molino, por volta 7:40h. O plano era caminhar até Arzúa. E foi isto que fiz. O caminho tem umas subidas, não tão suaves, mas nada muito duro. O que sim tem o caminho são peregrinos, muitos, avalanche! Bem, relaxei, botei meu fone de ouvido, e escutei minhas músicas de meditação! Encontrei o pessoal da Itália que saiu comigo de Oviedo. Nos despedimos em Arzúa.
Tomei o ônibus as 12:08, da empresa Freire. E cheguei a Pedrouzo (Arca), as 12:44. Decidi almoçar antes de seguir para a pensão. Ótima a decisão de não caminhar o trecho final. Era tanta gente, que eu iria me irritar depois de um caminho tão lindo como o primitivo.
Descansei e depois  visitei a Igreja local. Aqui nunca havia ficado antes.
Almocei no "Che-4 café-Bar". Uma paella ibérica com 2 canas! Alojei-me na pensão LO.










Décima primeira: Ferreira - Melide

Decima primeira etapa.


21/07/19- Ferreira a Melide -  20 km
Sai do Albergue “A Nave Ferreira “, quase oito horas da manhã. Conversei um pouco com a Elisabeth de Califórnia/USA, a respeito de gostarmos de caminhar sozinhas.
Tomei a direção errada (sai a direita), me dei conta e voltei. Teria de sair do Albergue a esquerda, e eu fui morro abaixo. Foram cerca de um quilometro entre ir e voltar.
Encontrado o caminho, é quase todo plano, com suaves subidas e descidas.
Só achei um bar aberto em Vilamor. Portanto, tinha de levar algo para comer e eu não fiz isto. Como o estômago estava acostumado a algo, após 10h, senti falta.
Cheguei a Melide, por volta 13 horas. A pensão El Molino, tem péssimo atendimento. Sem cartão de credito. Me botaram no terceiro andar. Para subir com a mochila, um sacrifício, maior que o de caminhar 20km (tenho artrose nos dois joelhos, escada para mim é o purgatório).
Sai para almoçar e encontrei a parrilhada "A Rua". Decidi comer uma carne estilo churrasco. Excelente!
Tá chegando ao fim. Melide já encontra com Caminho Francês. Muita gente, com certeza vou sentir falta do Caminho Primitivo. A verdade é que amei fazer o caminho primitivo, é duro, é cansativo, mas prazeroso e divino. Paisagens deslumbrantes, passando por serras que eu jamais veria de carro, foi um deleite para a alma.

Albergue A Nave Ferreira











Décima: Lugo - Ferreira

Decima etapa.
Dia 20/07/19 - Lugo a Ferreira (29km)
Sai da Pensão São Roque em Lugo e, depois de tomar café num bar próximo, por volta das 7:30 comecei a caminhar. O trajeto é quase todo plano, por estradas, com poucos trechos por sendas de terra. Não tem lindas paisagens. A rodovia não me convida a reflexão, porque fico preocupada com os carros.

Depois de San Lázaro da Ponte, tem uma subida, suave, por estrada.
E, outra subida marcante depois de San Romano Retorta, mas numa estrada de terra. 
Tinha trazido uma pequena pedra do vulcão Etna/ Sicília/Itália. Era para deixar num lugar significativo do caminho. Só senti vontade de deixar a pedrinha perto da Vila de Grela, num dos postes (morrons) que marcam o caminho. Ali a deixei (com minhas intenções), na certeza de chegar bem a Santiago.
Naquele momento, permiti-me olhar para as árvores, o céu e, senti uma infinita gratidão. Pensei na minha vida, como ela tem sido prazerosa. Cheia de desafios, desde que eu era pequena, com várias mudanças, crescimento pessoal e profissional, sempre muito agitada. E, gostei de sentir tal gratidão, de sentir a proteção divina.
Cheguei ao Albergue A Nave Ferreira umas 14:30h. Fiquei quarto privado. Não quis interagir com os demais peregrinos, todos estrangeiros. Estava sem ânimo. Fiquei no quarto, vendo filme no celular.


Saída de  Lugo

Saída de Lugo

Encontrando peregrinos




Alguns albergues no caminho, esta etapa tem poucos lugares para alojar-se.







Nona: O Cádavo - Lugo

Nona etapa.
18/07/19 - O Cádavo a Lugo (30km)

Sai por volta das 7h da Pensão Eligio. Encontrei duas Sul Coreanas, seguimos um pouco juntas, e depois, como sempre, sozinha. Neste caminho, encontram-se poucos peregrinos, uma verdade, até esta etapa!
Na sequencia, já havia que escolher que caminho seguir, optei pelo complementar que passava pela Igreja Carmem e outra que foi um Convento Franciscano (estava aberta). Ao lado desta igreja tomei café da manhã.
Em Castroverde reencontro as Sul Coreanas, porém elas não seguiram caminhando, foram de transporte, porque uma delas estava machucada.
Segui, o trajeto foi bem plano, só subidas suaves e descidas.
Cheguei a Lugo as 15:10, super cansada pela etapa longa.
Encontrei novamente as Sul Coreanas, almocei e fui procurar a Pensão San Roque, que é fora das muralhas e péssima. O quarto super apertado e o banheiro um sacrifício tomar banho, de tão estreito o lugar. A televisão ainda de tubo. Ufa!  Nem sempre acertamos na escolha do alojamento. 
As 19h sai, dei uma voltinha e fui à missa. Foi melhor que em Fonsagrada, teve até procissão o interior da Catedral. Muito linda a cerimônia!





Chegando a Lugo.

Chegando a Lugo

Muralhas que cercam Lugo

Entrando na parte muralhada de Lugo

Almoçando com conhecidas Sul Coreanas. 




Oitava: A Fonsagrada - O Cádavo

Oitava etapa

17/07/19 Fonsagrada – O Cádavo - 26km

Sai de do Hotel Pórtico em Fonsagrada, depois café da manhã, por volta das 07:30h. A cidade continuava com uma névoa bem espessa, mas sem vento, fazia um pouco de frio. Eu e meus medos (de frio) levei as 2 blusas, que não usei. Caminhando esquenta, e ai a carregar.
O trajeto é plano inicialmente, mas logo volta a “montanha-russa” de sobe e desce. O pior é perto da villa de “A Lavra”, que para chegar lá tem uma subida bem empinada. Precisei da ajuda da música “carruagens de fogo”, para ditar meu ritmo e conseguir subir.
O tempo continuou com névoa por todo o dia. Inclusive em O Cadavo, onde cheguei às 15h.
Fiquei na Pensión Eligio, que também é restaurante. O quarto não era bom e o banheiro era externo. Péssimo!
Almocei com os espanhóis novamente, no mesmo bar Eligio, a comida péssima.  Consegui conversar um pouco com o Pedro, que é professor de história, e me explicou alguns detalhes deste caminho primitivo e o primeiro monarca espanhol (Afonso II, o Casto) a empreender o trajeto!
No km 12, quando parei para tomar café, troquei o tênis pela “papete”, caminhei melhor, mas o calcanhar me doeu. Creio que porque a “papete” não tem bom suporte para caminhadas, é mais para passeio. Enfim, consegui finalizar a etapa. 

Nesta etapa fui surpreendida com perguntas do tipo: O que pensava tanto durante o caminho? Se conversava com meus botões? E qual era o tesão de caminhar por tanto tempo? Confesso que me senti incomodada com estes questionamentos, pois entendo que cada um de nós é livre para fazer o que gosta, independente de ter de dar explicações, por isso, não lhes respondi nada! Sinto prazer em caminhar era só o que tinha a dizer-lhes! Converso com o vento, com as árvores e principalmente comigo mesma! Estou acostumada com minha companhia! rsrs












Espanhóis que me acolheram!!

Sétima Etapa: Grandas de Salime - A Fonsagrada

Sétima etapa.

16/7/19- Grandas de Salime a A Fonsagrada - 28km

Sai da cidade as 7:20, depois de um café sofrível no bar da Pensão A Reigada.
O caminho segue tranquilo ( subidas suaves ) mas no km 8 vem uma subida forte para El Acebo, fronteira Astúrias e Galícia. A subida foi dura. No alto, encontramos aquelas hélices para fabricar energia eólica. Que, na minha opinião,  estragam a paisagem, mas o progresso exige sacrifícios, verdade?
Daí seguimos baixando, mas bem imperceptível. A paisagem ainda é por vales e campos. Há uma parte por estradas, mas de terra.
Por volta 12:30, encontro a Mariângelis e sua filha Angela (duas das espanholas com quem havia almoçado ontem em Grandas). Segui com elas até Fonsagrada. Elas andam bem forte. Eu, já tinha trocado o tênis pela “papete” em El Acebo. Mas, desta vez não veio o alívio. O pé continuou doendo, principalmente as bolhas ao lado do calcanhar que voltaram a encher de liquido.
Tinha entendido que a partir Galícia o sobe e desce diminuiria. Porém, na etapa de hoje foi mais suave, mas estavam lá. A chegada a Fonsagrada é pauleira, uma subida forte, e quando vem no final, parece que nunca vamos chegar. Mas cheguei por volta 14:40h.
A Mariangelis convidou-me para almoçar no restaurante Caldeirad/Fonsagrada. Tomei banho e fui encontrar com elas, que era o mesmo grupo de Grandas. Hoje perguntei seus nomes são: Pedro de Huesca; Pepe(José) e Angela o casal, de Castillón. E a Mariangelis e a filha Angela de Murcia. Serei sempre grata pelo acolhimento!
O hotel Pórtico (de Roberto), uma grata surpresa. Novo e tudo limpinho. Bem gracioso. Gostei muito! Me senti num verdadeiro oásis, depois do cansaço da subida íngreme até a cidade!
Por volta 19:30, desceu uma névoa sobre a Vila de Fonsagrada.
Fui à missa. Que foi bem rápida, com benção dos peregrinos em Polonês. Não me pareceu correta, em razão do grande número de espanhóis (ou que falavam/entendiam espanhol) presentes! Triste!
Observei um grupo de alemãs, que certamente não eram católicas, pois uma delas ensinava como pegar a hóstia, então imagino que a que estava sendo ensinada, não era batizada na fé católica, porém foi tomar a comunhão. Imagino que os padres, no caminho, deveriam fazer uma advertência antes da comunhão, para evitar este tipo de erro! Sei lá!








Cuidar para não deixar de entrar nesta porteirinha.