quarta-feira, 7 de novembro de 2018


CAMINHO CENTRAL PORTUGUÊS a SANTIAGO DE COMPOSTELA

Realizei o Caminho Central Português a Santiago de Compostela, de 18/04/2018 a 13/05/2018, em 25 etapas. A jornada é pessoal, portanto, em muitos momentos me senti desconfortável, mas nunca a ponto de desistir de chegar a Catedral em Santiago de Compostela. Há muito tempo, soube que na vida só conquistamos e vencemos, com disciplina, metas e objetivos definidos, muita garra e superação. A superação faz parte de minha vida, então posso assegurar que a jornada foi prazerosa!

O Caminho Central Português, partindo de Lisboa até Porto, é árduo, caminha-se por rodovias e/ou estradas secundárias, muito trânsito, asfalto, subidas/descidas. O contato com a natureza que tanto buscava, não ocorreu, não ouvi canto de pássaros, não senti o vento em minha face, apenas a chuva em algumas ocasiões e, estava quente. As marcações, as setas, quase sempre, nos levam a caminhar ao redor das cidades, portanto o caminho é pouco encantador. É solitário, encontrei poucos peregrinos, caminhei quase todas as etapas sozinha. Apesar disto, pouco pude refletir a respeito da vida, pois estava preocupada em encontrar as minúsculas setas, não ser atropelada e escapar do ruído infernal dos carros e caminhões. É seguro, nunca fui molestada por nenhuma pessoa e olha que passei por lugares bem desertos. Nestas etapas em Portugal, o caminho conhecido e celebrado, é ao Santuário de Fátima, tem-se poucas informações e simbologia quanto ao caminho até Santiago.

Já o Caminho de Porto até Santiago de Compostela, é mais aprazível, mas também tem suas estradas. Contudo, aparecem caminhos por bosques, paralelos a rios e, escutamos sons de pássaros. A partir de Barcelos, já encontramos símbolos e maiores indicações a respeito do Caminho a Santiago!  Aliás, as cidades de Barcelos e Ponte de Lima, são muito empolgantes e charmosas.  

Apesar de todos os percalços, nunca pensei em desistir ou mesmo mudar de rota. Acredito que era o caminho que precisava naquele momento. Precisava de uma chamada para retomar a vida, saber que tem dificuldades e que é preciso estar atento para não a ver passar sentada num sofá.  

O desconforto dos pés na caminhada, busquei solução em um novo calçado, livrei-me do peso extra de blusas de frio e, quando encontrei estrutura (a partir de Barcelos), passei a despachar a mochila, para aliviar a pressão nos pés e, desfrutar mais do caminho. Optei por não ficar em albergues, preferi uma noite confortável de sono. A bem da verdade não gosto de compartilhar minha privacidade, meu espaço.



Os caminhos que fiz, nunca foram de expiação ou de autoflagelação. Sempre foram para buscar o “lúdico” da vida, a reflexão, a natureza, escutar e sentir a espiritualidade, a calma, o silêncio. Vou continuar buscando! Minha jornada nesta vida ainda está ocorrendo e, estou aproveitando! Obrigada Santiago!!!





25. PADRÓN – SANTIAGO DE COMPOSTELA (13/05/2018) – 24,6 km
Cidades: Iria flavia, A Escravitude, A Picaraña, O Faramello, Rúa de Francos, Osebe, O Milladoiro.

Trajeto tranquilo e com muito asfalto. Encontrei o espanhol Juan Manoel, logo depois de Escravitude, e seguíamos juntos, porém o mesmo esqueceu a “pochete” no bar e retornou. Não o vi mais! O espanhol me chamou a atenção para a falta de negros no caminho. Eu realmente não havia prestado atenção, porém, analisando o percurso realmente não me lembrei de nenhum.
Ao chegar em Santiago, fui a missa as 18 horas. Em seguida fui para a longa fila para retirada da Compostela (documento que comprova que fiz o caminho). Quase duas horas de fila, o procedimento é bem moroso. Para mim, uma pessoa que viveu muitos anos em São Paulo, fila é falta de organização e, desrespeito ao outro. Acredito que os peregrinos caminham muito, sonham durante o trajeto, e querem chegar e ser bem recebidos, no mínimo sem enfrentar uma fila gigantesca, para obter um certificado. Talvez os responsáveis pudessem melhorar tal situação. Agendamento de horário previamente, emissão pela internet, enfim deve haver uma solução mais justa para com o peregrino.
Chegar a Santiago é uma grande emoção. Está foi minha terceira vez, as lágrimas vieram! Tanto esforço, cansaço, mas tanta alegria. Parecem sentimentos contrários, mas que te fazem sentir o prazer de ter alcançado o objetivo e, ao mesmo tempo uma cerca melancolia por ter terminado.
Estou certa que virão outros caminhos!!! Santiago está sempre me chamando! Obrigada!





Chegando a Santiago

Chegando a Santiago


Catedral de Santiago de Compostela!

Vitória! Cheguei!!!

Vitória!!! Cheguei!

Altar com Santiago ao centro!!!


24. CALDAS DE REIS – PADRÓN (12/05/2018) – 19km
Cidades: Carracedo, Casalderrique, Cernadas, O Pino, S.Miguel de Valga, Pontecesures.

A natureza, a paisagem foi quase a mesma, alguns bosques, estradinhas de terra e de asfalto. Choveu no trajeto.
Caminhei com o espanhol Juan Manoel (Moura) e um colombiano que não recordo o nome, porém, ambos foram ótimas companhias. O Espanhol já fez vários caminhos!
Padrón é muito encantadora. Na Igreja de Santiago, tem a “pedra”, onde teria sido amarrado a barca com o corpo do apóstolo. Apesar de saber que é só uma pedra, me emocionei muito, creio que pela caminhada, pelo esforço, enfim, as emoções brotaram. Como era sábado, quase tudo estava fechado.






peregrino espanhol Juan Manuel

peregrino colombiano e Juan Manuel

Padrón - espetacular!!!






pedra onde teria sido amarrado a barca que trouxe o corpo de Santiago de Jerusalém até Galícia

Igreja de Santiago - onde esta a pedra








Algumas imagens que estão dentro da Igreja de Santiago



23. PONTEVEDRA – CALDAS DE REIS (11/05/2018) – 20 km
Cidades: Alba, A Cancela, A Seca, Briallos.
Sai as 07:20h e cheguei as 12:30h

Trajeto tranquilo, ou seja, subidas e descidas, estradas de terra e cimento, sem novidades!
Em Caldas de Reis, hospedei-me no Balneário DÁVILA. Foram muito atenciosos, pois me deixaram ingressar no quarto antes do horário. Me ofereceram um banho numa piscina térmica, com águas medicinais e temperatura de 38 graus. Sufocante, mas disseram que muitas pessoas vão até a cidade, justamente pelas águas medicinais, assim, não poderia perder a oportunidade de também buscar relaxar antes das etapas finais, especialmente meus pés.
Chovia assim, que fiz os passeios tradicionais, igreja, rua principal e retorno ao hotel para descanso. Almoçei no restaurante “O Roquinho”, por indicação do hotel, comida boa.



caminho melhorou, mas ainda topamos com rodovias

cruzamento da ponte, perigoso, sem acostamento para os peregrinos










Caldas de Reis

Caldas de Reis